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Cientistas descobriram os efeitos colaterais ocultos da meditação

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A meditação é agora amplamente promovida como uma ferramenta para tudo, desde reduzir o estresse até melhorar a produtividade. Tornou-se um método obrigatório para apoiar o bem-estar mental em muitos ambientes.

No entanto, quando uma prática como a meditação é utilizada num contexto médico ou terapêutico, surgem importantes questões científicas. Quanta prática é necessária para produzir benefícios? E, igualmente importante, há algum risco ou efeito colateral indesejado associado a ele?

“Este é o tipo de pesquisa feita logo no início do desenvolvimento de qualquer novo programa de intervenção terapêutica”, explica o psicólogo Nicholas van Dam, da Universidade de Melbourne. “E por uma série de razões complexas, especialmente com programas baseados em mindfulness, isso não aconteceu”.

Explorando as possíveis desvantagens da meditação

Embora muitas pessoas relatem resultados positivos, pesquisas ao longo dos anos também revelaram que a meditação pode levar a experiências adversas para alguns indivíduos. Esses efeitos colaterais podem incluir ataques de pânico, memórias intrusivas ou angustiantes de traumas passados ​​(como observado no transtorno de estresse pós-traumático) e, em casos mais extremos, sentimentos de despersonalização ou isolamento.

Van Dam observa que as estimativas de quão comuns são essas experiências variam amplamente na literatura científica. Alguns estudos mostram que apenas 1% dos meditadores experimentam efeitos secundários (Wong et al., 2018), enquanto outros relatam números que chegam a dois terços (Britton et al., 2021).

Para esclarecer essas discrepâncias, van Dam e seus colegas conduziram um estudo publicado Ciência Psicológica Clínica Investigar com que frequência os meditadores experimentam efeitos colaterais e quais fatores podem aumentar a probabilidade de experimentá-los.

Um estudo nacional sobre experiência de meditação

A equipe de pesquisa recrutou quase 900 adultos nos Estados Unidos. Para garantir que o grupo reflectisse a maior população de meditadores dos EUA, utilizaram dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças para orientar a selecção dos participantes. Os pesquisadores recrutaram meditadores de uma ampla gama de níveis de habilidade, do iniciante ao avançado, “para que pudéssemos ter uma noção da amostra completa de pessoas que praticam meditação nos Estados Unidos”, diz Van Dam.

Van Dam enfatizou que a forma como os pesquisadores perguntam sobre os efeitos colaterais pode afetar dramaticamente os resultados. “O diabo está nos detalhes”, disse ele, explicando que muitas pesquisas anteriores se baseavam em perguntas abertas, um método conhecido como autorrelato. Nesses casos, os participantes podem não reconhecer as suas experiências como efeitos secundários ou hesitar em mencioná-las.

Para reduzir essa incerteza, a equipe de Van Damme desenvolveu uma lista de verificação de 30 itens para cobrir os efeitos potenciais da meditação. Os participantes avaliaram a gravidade de cada afeto, se era positivo ou negativo, e se interferia no seu funcionamento diário.

Quais informações são divulgadas

Os resultados mostraram que quase 60% dos meditadores dos EUA relataram pelo menos um efeito colateral listado na lista de verificação (por exemplo, sentir-se ansioso ou inquieto). Cerca de 30% disseram ter experimentado efeitos desafiadores ou angustiantes e 9% relataram que esses efeitos causaram prejuízo funcional.

O estudo também identificou vários fatores de risco potenciais. Aqueles que experimentaram sintomas de saúde mental ou sofrimento psicológico nos 30 dias anteriores à meditação tiveram maior probabilidade de relatar efeitos adversos. Aqueles que participaram de retiros residenciais intensivos, que muitas vezes envolviam longos períodos de meditação silenciosa, também tinham maior probabilidade de apresentar comprometimento funcional.

Van Dam observou que são necessárias mais pesquisas para determinar causa e efeito. Um estudo longitudinal prospectivo, disse ele, ajudaria a esclarecer como a saúde mental e a meditação interagem ao longo do tempo.

Encorajando a consciência, não o medo

Apesar dessas descobertas, Van Damme alertou contra considerar a meditação algo perigoso. “Nossa decisão não é que as pessoas entrem em pânico ou que não devam tentar a meditação. Na verdade, achamos que deveríamos fazer um trabalho melhor no fornecimento de consentimento informado”, disse ele.

Ele compara a situação a outros tratamentos terapêuticos, como cirurgia ou terapia de exposição, onde os pacientes são informados antecipadamente sobre o que poderão vivenciar. Esta preparação permite que os indivíduos avaliem os riscos e tomem decisões informadas sobre a sua participação.

Navegando pelo desconforto na prática da atenção plena

Na meditação, esse tipo de pré-discussão não acontece com frequência. “Temos que encontrar uma maneira de ter essa conversa e navegar nesse espaço”, disse Van Dam. Ele sugere que os profissionais de saúde e os médicos expliquem que o desconforto às vezes pode fazer parte do processo. Sentimentos de desconforto ou questionamento do senso de identidade não são necessariamente sinais de perda, mas direções potenciais para uma exploração psicológica mais profunda. No entanto, o sofrimento que interfere significativamente nas atividades diárias deve ser levado a sério.

“Esses exercícios não são para todos”, concluiu Van Damme. “Se não derem certo, não é necessariamente porque a pessoa está fazendo algo errado. Pode ser porque não combina bem.”

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